Tendinopatia do supraespinhal é uma condição caracterizada por dor e inflamação no tendão que liga o músculo supraespinhal ao osso do ombro. Saiba mais!
Nos últimos anos, tenho observado um aumento de diagnósticos de tendinopatia do supraespinhal, fazendo com que muitos de meus pacientes começassem a querer entender melhor sobre esse assunto.
A supraespinhal é um dos músculos que ficam na parte superior do ombro e da escápula, e quando ocorre a lesão neste local, dá-se o nome de “tendinopatia supraespinhal”.
Utilizamos o termo “tendinopatia” para fazer alusão às lesões nos tendões, que, nesse caso, refere-se à compressão ou impacto do tendão do músculo, sendo uma fonte comum de dor, a qual costuma afetar o corpo como um todo.
Nesses casos, o melhor a se fazer é buscar um médico ortopedista expert em ombro e cotovelo, para realizar uma avaliação e indicar a melhor forma de tratamento.
Se você recebeu o diagnóstico de tendinopatia do supraespinhal e ainda não entende muito bem, te convido a continuar a leitura e saber todos os detalhes!
O que é tendinopatia do supraespinhal?
A tendinopatia do supraespinhal é um tipo de lesão que ocorre em um dos tendões do manguito rotador.
Esse problema está relacionado à inflamação no tendão que, na grande maioria das vezes, é decorrente de uma lesão na junta do músculo e do osso.
O que é e qual a função do supraespinhal?
O tendão do músculo supraespinhal se caracteriza por ser um músculo do ombro que se insere nos 3/4 internos da fossa supraespinhosa.
Além disso, é um dos músculos que formam o manguito rotador, que fica ao lado dos seguintes outros tendões:
- Redondo;
- Infraespinhal;
- Subescapular.
É interessante saber que esse tendão recebe esse nome devido ao fato de se originar justamente na fossa supraespinal escapular.
Assim como qualquer outro músculo, ele trabalha em conjunto com os tendões e ligamentos, sendo a parte que mais sofre lesões.
Os tendões são estruturas bem complexas, as quais são constituídas de colágeno e, em relação ao músculo supraespinhal, ele se liga à cabeça do úmero, que é o maior osso do membro superior.
Durante os movimentos, ele trabalha para permitir que isso ocorra, além de oferecer estabilidade para a região.
Por outro lado, também acaba sendo bem instável, fazendo com que ele se torne suscetível a uma série de lesões, como é o caso da tendinopatia do supraespinhal.
Quais são as causas da tendinopatia supraespinhal?
São vários os motivos que podem incidir na tendinopatia do supraespinhal, os quais podem ser tanto intrínsecos quanto extrínsecos.
No primeiro caso, quer dizer que há relação com uma hipótese mecânica. Ou seja, tem algo a ver com a prática constante de algum esforço repetitivo, que envolve atrito e compressão.
Em relação aos fatores intrínsecos, refere-se à existência de algum tipo de deficiência na distribuição sanguínea ao tendão, por exemplo.
Nesse caso, acaba por fazer com que a região se torne mais fraca, o que a deixa mais suscetível a rompimentos.
Dito isso, as principais causas para a tendinopatia, são os seguintes:
Quedas e acidentes
É bastante comum a tendinopatia acometer pessoas mais idosas, já que têm o equilíbrio um pouco mais afetado.
Então, ao fazer alguma atividade doméstica diária simples, pode acabar tendo alguma queda, levando à tendinopatia.
Idade avançada
Caso o paciente tenha idade avançada, ele tem maior suscetibilidade a ter desgaste nessa região.
À medida que o tempo passa, é comum perder massa muscular, água e colágeno, fazendo com que o corpo se torne mais frágil.
Artrite reumatoide
Trata-se de uma doença inflamatória que pode afetar diretamente o ombro, em especial o tendão supraespinhal.
Obesidade
Se você está acima do peso, saiba que poderá sofrer desse tipo de problema, visto que o excesso de peso sobrecarrega o ombro.
Movimentos repetitivos
Com certeza os movimentos repetitivos são uma das causas mais comuns que culminam na tendinopatia do supraespinhal.
Então, nos esportes que se utilizam muito dos membros superiores, como vôlei, natação, tênis, entre outros, os atletas são mais suscetíveis.
Prática errada de exercícios
A prática de exercícios sem o auxílio de um profissional pode fazer com que a pessoa tenha uma postura incorreta. Por consequência, pode acabar favorecendo uma lesão na região.
Esporão ósseo
É uma condição que acarreta a saliência na extremidade do acrômio, o que pode resultar em atrito com o tendão, contribuindo para a tendinopatia.
Fatores antecedentes
O fato de você já ter tido a tendinopatia do supraespinhal pode aumentar a chance de ter uma recidiva.
Por exemplo, o hábito de levantar o braço, de forma constante e por longos períodos, acaba por contribuir para o surgimento desta síndrome, em especial se o local já tiver maior propensão a esse desgaste.
Por fim, outros fatores como artrose da articulação também podem fazer com que haja a redução do espaço subacromial.
Tipos de lesões supraespinhal
É importante saber que existem diferente tipos de lesões do supraespinhal: as parciais e as incompletas.
Lesão parcial
Assim como o nome já sugere, a lesão parcial é um tipo de lesão em que apenas uma de suas fibras foi afetada.
Ou seja, o músculo não se rompe por inteiro, todavia, essas lesões podem variar em relação a sua extensão, mas geralmente são menos graves.
Lesão completa
Em contrapartida, a lesão completa da supraespinhal caracteriza-se quando as fibras do tendão se rompem por inteiro.
De forma geral, esse é um problema que costuma ser um pouco mais intenso e mais debilitante do que a anterior.
Em vista disso, é aconselhável tratar o quanto antes, a fim de evitar o agravamento do quadro, até mesmo a perda de mobilidade do ombro.
Quais são os principais sintomas de uma lesão do supraespinhal?
Os sintomas podem variar de acordo com a gravidade da lesão, em especial se é parcial ou completa.
Com relação aos principais sintomas associados a esse tipo de lesão, podemos citar as seguintes:
- Dor no ombro, mais especificamente na região superior e posterior do ombro;
- Dor no ombro que irradia para o braço e pescoço;
- Dor intensa ao fazer algum movimento com o ombro;
- Dor intensa ao dormir em cima do lado afetado;
- Dificuldade em fazer força em toda a região do ombro que está afetada;
- Dificuldade em fazer movimentos simples, como colocar os braços para trás das costas, pentear o cabelo, etc.
Quais são os exames para diagnóstico
Há alguns exames que podem ajudar não só a diagnosticar a tendinopatia, como também melhor entender a gravidade da situação.
O diagnóstico envolve a avaliação do histórico do paciente e alguns exames clínicos, em especial os de imagem, tais como:
- Ressonância magnética;
- Ultrassonografia;
- Raio-x;
- Tomografia computadorizada.
É necessário que o paciente passe por alguns outros testes para ajudar ainda mais na investigação do problema. São eles:
Teste para tendinite do supraespinhal
Esse é o primeiro teste básico, cujo intuito é o de identificar um possível caso de tendinite do supraespinhal.
O teste consiste na avaliação clínica feita com o paciente sentado. Para tal, o médico pede para que o paciente abra o braço lateralmente, atingindo cerca de 90 graus.
Isso deve causar dor, uma vez que o músculo supraespinhal vai ser tensionado.
Teste de Hawkins-Kennedy
Nesse teste, o paciente precisa ficar de pé, onde o médico vai solicitar para que o paciente flexione o ombro para frente, cerca de 90 graus.
Em seguida, ele deve fazer uma rotação com o ombro, o qual vai fazer com que o tendão seja empurrado contra o ligamento do acrômio.
Sendo assim, se porventura o paciente sentir dor intensa, as chances de se tratar de tendinopatia do supraespinhal são grandes.
Teste de Neer
Esse teste também deve ser feito em pé, onde o paciente precisa estender o braço e o próprio médico deve rotacionar o braço no sentido interno.
Esse movimento deve provocar um certo choque do tendão contra o acrômio. Então, caso o paciente alegue sentir dor, sinal de que ele tem tendinopatia.
Teste de Apley
Por último, o teste de Apley deve ser feito com o paciente sentado. O médico irá pedir para que ele posicione a mão, do mesmo lado afetado, atrás da cabeça, encostando na parte superior da escápula.
Em seguida, o médico deve pedir para que a mesma mão atinja a parte inferior da escápula. Caso o paciente sinta dor, é bem provável de ser tendinopatia.
Como é o tratamento?
Assim que o médico faz o diagnóstico, ele vai pensar em qual é a melhor forma de promover o reparo do tendão.
Nesse caso, há diversos caminhos a se seguir e, dentre eles, podemos citar os seguintes:
Tratamento conservador
Esse tipo de tratamento não requer cirurgia, sendo mais adequado para quadros leves ou que ainda estão no início.
O médico irá prescrever o uso de alguns medicamentos, como analgésicos e anti-inflamatórios, além de repouso.
Terapias alternativas
As terapias alternativas também são boas formas de amenizar a dor que o paciente sente, onde a acupuntura, agulhamento seco, massagens e terapias por ondas de choques mostram ótimos resultados.
Esses tratamentos ajudam no relaxamento muscular, o que oferece a diminuição da dor miofascial, a qual pode estar associada à lesão.
Fisioterapia
A fisioterapia é um tratamento que deve ser integrado em todos os casos, haja vista que tem por objetivo fornecer alívio de dor e, ao mesmo tempo, reestabelece a função normal do complexo articular do ombro.
Ademais, como ajuda a fortalecer o músculo supraespinhal e demais músculos do manguito rotador, o local fica mais resistente, isto é, sofre com menos sobrecarga no tendão.
Cirurgia
O procedimento cirúrgico ocorre apenas nos casos em que os demais tratamentos não oferecem efeitos significativos após os 6 meses ou quando há a lesão completa do tendão.
A cirurgia é feita por artroscopia, uma intervenção minimamente invasiva, a qual consiste na inserção de duas estruturas na articulação do ombro, as quais são equipadas com câmeras.
Dessa forma, é possível reparar o tendão e reorganizar o posicionamento do acrômio, o que acaba por evitar atritos do tendão.
Tendinopatia supraespinhal tem cura?
A tendinopatia do supraespinhal é uma condição que afeta muitas pessoas, especialmente aquelas que realizam movimentos repetitivos com os ombros ou têm histórico de lesões nessa região.
A questão que surge frequentemente é: “A tendinopatia do supraespinhal tem cura?”
A boa notícia é que, em muitos casos, a tendinopatia do supraespinhal tem cura, ou pelo menos uma significativa melhoria dos sintomas.
Como dito acima, o tratamento pode variar dependendo da gravidade e da causa subjacente da condição, sendo primordial seguir as orientações médicas e aderir ao plano de tratamento para maximizar as chances de recuperação.
Conclusão
Como vimos, com a abordagem de tratamento correta proposta pelo médico ortopedista e um compromisso com a reabilitação, muitos pacientes podem esperar uma recuperação completa ou, pelo menos, uma melhora significativa dos sintomas.
Portanto, se você suspeita que tem essa condição, é essencial procurar aconselhamento médico para obter um diagnóstico correto e iniciar o tratamento adequado o quanto antes para evitar complicações mais graves.
Mas se você ficou ainda com alguma dúvida sobre tendinopatia do supraespinhal, estou à sua inteira disposição, e certamente encontraremos a melhor solução para o seu caso.