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A capsulite adesiva ou “ombro congelado”, como também é conhecida, é uma doença relativamente frequente na população – aproximadamente 5% das pessoas podem apresentar sintomas em algum momento da vida e a incidência é maior, até 20%, quando nos referimos aos diabéticos.
Trata-se de uma doença autolimitada e, geralmente, de causa idiopática, ou seja, sem uma causa bem definida. O que ocorre é um processo inflamatório ao redor do ombro e na cápsula articular, gerando muita dor, seguida de limitação dos movimentos do ombro.
As causas da capsulite adesiva são variadas, podendo ocorrer de forma secundária a doenças sistêmicas (como diabetes e hipotireoidismo), estar relacionadas a fatores genéticos, reações autoimunes, após quadros de tendinite ou lesão dos tendões do manguito rotador, mas não se sabe exatamente como é originada.
A capsulite é considerada uma doença autolimitada e, comumente, evolui para cura em um período aproximado de dois a quatro anos – um período tão prolongado de limitação e dor geralmente não é bem tolerado.
A capsulite adesiva inicia-se com uma inflamação, mas diferentemente das bursites e tendinites, ocorre na cápsula articular, que é o tecido que reveste toda a articulação.
Ocorre em 3 diferentes fases, com características diferentes.
1ª fase- inflamatória: a dor pode ser leve no início, mas em poucos dias ou semanas progride para uma dor muito forte e extremamente limitante. Pode durar até 9 meses.
2ª fase – rigidez ou congelamento: perda progressiva dos movimentos do ombro. Ainda pode haver dor nessa fase, mas de menor intensidade. O indivíduo não alcança locais altos que alcançava previamente e perde os movimentos de rotação, não conseguindo colocar a mão nas costas, buscar o cinto de segurança ou prender o sutiã, por exemplo. Pode durar até 12 a 18 meses.
3ª fase – descongelamento: o movimento do ombro melhora progressivamente com a resolução da doença. Apresenta duração muito variável e, na maioria dos casos, pode ocorrer uma perda final de 15% a 20% dos movimentos.
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Para o diagnóstico desta patologia é essencial um exame físico detalhado que, em fases precoces da doença, pode ser pouco específico. O paciente geralmente apresenta perda progressiva dos movimentos e dor intensa. Avaliando a presença dos principais fatores de risco, é possível fazer o diagnóstico diferencial da capsulite adesiva já no início dos sintomas.
Exames de imagem como a radiografia e ultrassonografia não vão demonstrar alterações na capsulite adesiva, mas podem ser úteis para diferenciar de outras causas de rigidez. A ressonância magnética, por sua vez, pode apresentar alterações características da doença, como hipersinal no intervalo rotador e obliteração do recesso axilar. Na presença de um quadro clínico característico e sendo possível afastar as outras causas, não há necessidade de outros exames.
O tratamento é não operatório na maioria dos casos e consegue obter ótimos resultados quando bem realizado. A depender da fase da doença e da intensidade dos sintomas apresentados, cada é avaliado individualmente e a melhor opção será escolhida pelo médico ortopedista. Como princípios gerais, na fase dolorosa devem ser realizados tratamentos para diminuição da dor e inflamação, e na fase de rigidez o tratamento é voltado para o alongamento e ganho de movimentação.
Um erro comum é o de realizar alongamentos de forte intensidade na fase dolorosa, tentativa essa que pode piorar e prolongar essa fase, por este motivo é fundamental que todos os envolvidos no tratamento, inclusive o paciente, compreendam a fisiopatologia da doença e saibam ter paciência e trabalhar da melhor maneira, com o objetivo de reestabelecer a função e aliviar a dor da articulação do ombro.
Dentre as opções de tratamento para a fase dolorosa estão os anti-inflamatórios não hormonais, corticoides (via oral ou injetável), acupuntura, infiltrações intra-articulares com corticoide ou os bloqueios do nervo supraescapular.
Neste bloqueio é usado unicamente anestésico e o objetivo é provocar uma neuromodulação, com consequente melhora da dor e ganho progressivo de amplitude de movimentos.
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