Fratura do úmero distal: sintomas, diagnóstico e tratamento

Quando recebo no consultório um paciente com fratura do úmero distal, percebo imediatamente a apreensão causada por dor intensa e pela possibilidade de sequelas no cotovelo.

Esse tipo de lesão representa apenas 2 – 6% de todas as fraturas, mas chega a responder por até 30% das fraturas de cotovelo em adultos.

Mesmo rara, exige diagnóstico preciso, discussão franca com o paciente e, na maioria dos casos, uma abordagem cirúrgica bem planejada.

O que é fratura distal do úmero?

A fratura distal do úmero é a quebra da parte inferior do úmero, próximo ao cotovelo. Ela pode ser simples, sem desvio, ou mais grave, com fragmentação e desvio dos ossos.

Nos meus pacientes jovens, a fratura costuma resultar de acidentes de alta energia, como colisões automobilísticas; já nos idosos, basta uma queda da própria altura sobre o braço estendido para provocar a lesão.

Em crianças entre 3 e 11 anos, o mesmo mecanismo gera fraturas supracondilianas, que demandam cuidados especiais com vasos e nervos.

Quais os sintomas de uma fratura do úmero distal?

Os principais sintomas são:

  • Dor intensa.
  • Inchaço.
  • Limitação do movimento do cotovelo.
  • Hematomas.

Em casos graves, pode haver deformidade ou até exposição do osso. O paciente pode sentir instabilidade, rigidez e dificuldade para mexer a mão ou os dedos se houver comprometimento de nervos ou vasos.

Quando suspeito de dano vascular, verifico pulsos distais imediatamente e aciono a equipe de cirurgia vascular se necessário.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é realizado por exame físico e radiografias do cotovelo. Exames de imagem mostram o tipo de fratura, presença de desvio, fragmentação ou lesões associadas.

A radiografia em duas incidências confirma grande parte dos casos. Quando preciso planejar redução articular milimétrica ou detectar fragmentação complexa, solicito tomografia computadorizada.

Também avalia pulsos, sensibilidade e força da mão para descartar lesões vasculares ou nervosas.

Como é o tratamento?

Em fraturas sem desvio ou com mínimo desvio, pode-se optar pelo tratamento conservador, usando uma tala gessada por cerca de um mês, seguida de fisioterapia.

Porém, a maioria dos casos exige cirurgia, principalmente quando há desalinhamento dos fragmentos ou comprometimento articular.

Como é feita a cirurgia da fratura distal do úmero?

O tratamento cirúrgico geralmente utiliza duas placas e vários parafusos para fixar os ossos. Muitas vezes é necessário realizar uma osteotomia do olécrano, criando uma fratura controlada nesse osso para acessar melhor a articulação.

Após a fixação, o olécrano também é estabilizado, geralmente com banda de tensão.

A fisioterapia é iniciada o mais cedo possível para recuperar o movimento. Em casos com grande fragmentação, pode ser indicada artroplastia (prótese) do cotovelo.

Quais as complicações?

A principal complicação é a rigidez do cotovelo, que pode ocorrer mesmo após cirurgia e reabilitação adequadas.

Outros riscos incluem infecção, lesão nervosa, pseudoartrose (falta de consolidação) e artrite pós-traumática.

A recuperação total pode levar meses e, em alguns casos, pode haver restrições permanentes de movimento.

Conclusão

O sucesso no tratamento da fratura do úmero distal depende de diagnóstico precoce, reconstrução anatômica estável e reabilitação dedicada.

Ao alinhar expectativas, envolver o paciente no processo e utilizar as melhores evidências disponíveis, alcançamos altas taxas de consolidação, preservando a função do cotovelo e a qualidade de vida.

FAQs

Quais os sinais de alerta para fratura do úmero distal?

Dor intensa, inchaço, limitação dos movimentos, deformidade visível ou exposição óssea. Perda de sensibilidade nos dedos também é motivo para buscar atendimento imediato.

Quando a cirurgia é necessária?

A cirurgia é indicada quando há desvio, fragmentação dos ossos ou risco para nervos e vasos, além de fraturas expostas.

É possível recuperar totalmente os movimentos do cotovelo?

Na maioria dos casos, há boa recuperação, mas pode persistir algum grau de limitação, principalmente extensão completa do cotovelo.

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