Fratura do úmero proximal: sintomas, tratamento e cuidado

A fratura do úmero proximal ocorre na parte superior do osso do braço, bem próxima ao ombro.

Como especialista em cirurgia do ombro e cotovelo, observo que estas fraturas têm se tornado progressivamente mais relevantes devido ao envelhecimento populacional e ao aumento da expectativa de vida, representando a terceira fratura mais comum após os 65 anos de idade.

Preparei esse conteúdo para explicar as causas, sintomas e formas de tratamento, que é essencial para garantir uma boa recuperação e evitar complicações.

O que é a fratura do úmero proximal?

O úmero é o osso longo do braço, que vai do ombro ao cotovelo, e a fratura do úmero proximal acontece na extremidade superior do osso, onde ele se conecta à articulação do ombro.

As fraturas da extremidade proximal do úmero representam uma das lesões traumáticas mais frequentes na prática ortopédica, constituindo aproximadamente 5-10% de todas as fraturas.

Esta condição apresenta características epidemiológicas distintas, manifestando-se principalmente em dois grupos etários: adultos jovens envolvidos em traumas de alta energia e pacientes idosos com traumas de baixa energia, geralmente associados à osteoporose.

Principais causas

Na maioria dos casos, a fratura surge após quedas simples, principalmente entre idosos, onde fatores como osteoporose aumentam o risco de fraturas mesmo em quedas leves.

Em adultos jovens, acidentes de trânsito e traumas esportivos também podem causar esse tipo de lesão.

Sintomas

A dor intensa no ombro é o sintoma mais comum, acompanhada de grande dificuldade para movimentar o braço.

Após alguns dias, pode surgir um hematoma na região do ombro, braço e até parte do tórax. O paciente costuma não conseguir levantar o braço, e há inchaço local.

Como é feito o diagnóstico?

Sempre inicio o diagnóstico com uma avaliação clínica dos sintomas.

Para confirmar a fratura e avaliar se houve desvio dos fragmentos, solicito exames de imagem, como radiografias em diferentes posições.

Quando necessário, a tomografia computadorizada detalha o tipo de fratura e auxilia na definição do tratamento.

Classificação das fraturas do úmero proximal

Essas fraturas podem ser classificadas pelo número de partes em que o osso se fragmentou e pelo grau de desvio ou angulação.

A maioria delas apresenta desvio mínimo, sendo considerada mais estável. Já faturas com múltiplos fragmentos ou com desvio importante exigem maior atenção e podem requerer cirurgia.

Como tratar

O tratamento vai depender do tipo de fratura, idade e condição clínica do paciente.

A maioria dos casos pode ser tratada sem cirurgia, com uso de tipoia por cerca de quatro semanas e início precoce de exercícios leves.

O tempo de imobilização varia de acordo com o padrão da fratura e características do paciente, sendo fundamental a mobilização precoce dos dedos, punho e cotovelo para prevenir rigidez secundária.

Fraturas com grande desvio, diversos fragmentos ou instabilidade podem precisar de cirurgia, com fixação por placas e parafusos ou até substituição por prótese.

Reabilitação e exercícios após a fratura

A reabilitação com fisioterapia é essencial para recuperar os movimentos do ombro e evitar a rigidez articular. O protocolo deve ser individualizado de acordo com:

  • Estabilidade da fixação.
  • Padrão da fratura.
  • Idade do paciente.
  • Comorbidades associadas.

Exercícios como os de Codman, que promovem mobilização suave do braço, devem ser iniciados assim que possível para prevenir contraturas, principalmente em idosos.

Possíveis complicações

Algumas complicações podem ocorrer, como infecção (em casos cirúrgicos), osteonecrose (morte do tecido ósseo), pseudoartrose (falta de consolidação óssea) e rigidez articular.

Algo que sempre reforço com meus pacientes que sofreram fratura do úmero proximal: o acompanhamento médico e a reabilitação adequada ajudam a reduzir esses riscos e favorecem uma recuperação completa.

Conclusão

A fratura do úmero proximal representa um desafio complexo na prática ortopédica, cuja decisão terapêutica deve basear-se em uma avaliação criteriosa que considere o padrão da fratura, idade do paciente, qualidade óssea, expectativas funcionais e comorbidades associadas.

O tratamento conservador permanece como opção preferencial para 80% dos casos, enquanto o tratamento cirúrgico deve ser reservado para situações específicas, sempre considerando os riscos e benefícios individuais.

A evolução das técnicas cirúrgicas e dos implantes tem ampliado as opções terapêuticas, mas a experiência do cirurgião e o acompanhamento rigoroso permanecem fundamentais para otimizar os resultados funcionais e minimizar complicações.

FAQs

Como saber se tive uma fratura do úmero proximal?

Dor intensa no ombro, dificuldade de mover o braço e hematomas na região são sinais de alerta. Exames de imagem confirmam o diagnóstico.

Toda fratura do úmero proximal precisa de cirurgia?

Não. Grande parte dos casos é tratada com imobilização e fisioterapia, sem necessidade de cirurgia.

Por quanto tempo devo usar a tipoia?

Em geral, a tipoia é usada por cerca de quatro semanas, mas o tempo pode variar conforme a indicação do ortopedista.

Quais os riscos de não tratar uma fratura do úmero proximal?

A ausência de tratamento pode levar a má consolidação, limitação permanente dos movimentos do ombro e dor crônica.

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